Ele não depende disso ou daquilo. Ele não é passageiro, não busca completar-se, pois nasce completo em si. Não necessita reciprocidade. O amor simplesmente acontece e não há porquês. Não há momento, nem motivos e seu antagonismo é o vazio e não o ódio. O ódio, por sua vez, também pode ser amor. Tamanha é a abrangência de seus sentidos e reações.
As pessoas sim complicam o amor.
O ser humano é complexo e despeja turbilhões de responsabilidades sobre Ele. Responsabilidades que não o cabem, sérias ou banais, burocráticas... Colocam preço, atribuem valor, o transformam em moeda de troca, em mercadoria, em contas a pagar. O carimbam em papéis cheios de assinaturas, em tratados constituídos... Fazem dele política.
O amor não está atrelado à vida, nem à presença física. Ele não depende de contato algum. Ele não precisa do tempo nem do conhecimento, nem ao menos de intimidade ou afinidade. Ele não requer explicações. Ele não exige lucidez.
Cobranças, dependências, culpas, saudades, desejos, necessidades, disputas, vaidades... São sentimentos ou condições humanas mutáveis, alheios ao amor, passíveis de controle e de extermínio.
Mas o amor permanece. Ele é maior que o ser, por isso não nos possibilita controlá-lo, quantificá-lo, modificá-lo, diminuí-lo, decliná-lo...
É como estar debaixo d'água, quanto mais se debate, mais se afoga. E que morte!
Ele nos eleva. E não resta outra alternativa, senão desfrutá-lo.
Todos os outros sentimentos fazem de nós "Realidade", o amor nos faz "Divindade".
Vivian Guilhem