6 de mar. de 2015

Ser mãe ou não ser...

A possibilidade da escolha.



Você ainda não é mãe e as vezes entra em crise por isso? Não tem absoluta certeza do que quer? Sente que já está cansada pra cuidar de um bebê? Planeja tanto que acaba empurrando a situação? Fica esperando o parceiro certo e percebe que e o tempo está passando e o sonho ficando distante? Ou simplesmente não quer e as vezes se sente culpada ou pressionada? Então saiba que você não está sozinha!

Hoje li uma reportagem a respeito das mulheres estarem cada vez menos dispostas a se tornarem mães. Ao que me parece, a natalidade no Brasil está ficando mais tardia, ou declinando de vez. Talvez esse âmbito não seja apenas nacional, mas mundial. Todavia, ser mãe continua sendo o desejo da maioria das mulheres, ainda que não realizem de fato. Ali dentro de cada uma mora a sementinha do instinto maternal. E mesmo não tendo a certeza absoluta de ser um desejo pessoal ou social, o medo de um  arrependimento futuro, ou mesmo da solidão, pode ser impulsionadores de grande parte das mulheres  que engravidam.

Lembro-me de quando estive perto de completar 30 anos e ficava terrivelmente deprimida ao ver mulheres grávidas ou mães com bebês pequenos. Dentro de mim, naquela época, gritava o medo de estar "velha" demais para isso e mais pra frente, vir a me frustrar. Tenho uma teoria de que aos 30 anos toda água parada dentro de nós começa a “bater na bunda”, e as auto-cobranças surgem mais fortes  que nunca.

Começam as reflexões derrotistas do tipo: “cheguei aos 30 e não tive filhos”. Como se fosse a idade limite. Sabemos que não é assim, e que isso é apenas uma fase e passa. Os tempos realmente mudaram e pelo que dizem as estatísticas há cada vez mais mulheres tendo bebês depois dos 35, 40 anos. E numa idade mais madura elas parecem estar mais preparadas para esta tomada de decisão.

Mas ser mãe não é mesmo uma escolha fácil. Para muitas mulheres nunca foi uma escolha, simplesmente aconteceu. Aí não tem outra saída a não ser estar mesmo preparada. Mas quando passamos dos trinta sem essa experiência começamos a ponderar, a pesar tantas coisas na balança da vida que muitas vezes acabamos por desistir.

Os motivos que levam as mulheres a “empurrar” a maternidade costumam ser  a carreira (embora eu não concorde que seja um empecilho), a falta de estabilidade financeira, a desestrutura amorosa/familiar. Mas o medo do desconhecido ou simplesmente a falta de vontade são mais comuns do que chegamos a imaginar. A liberdade de escolha possível às mulheres nos dias de hoje encorajam a negação do que antes era considerado praticamente uma obrigação.

Não há problema algum em não querer ou não poder ser mãe. Não seremos menos mulheres que as outras por assim decidirmos. Essa é uma escolha ou uma consequência de cada uma e deve ser sempre respeitada. Na prática ainda existe um preconceito camuflado, geralmente partindo de dentro da própria família até o âmbito social. Infelizmente esse tipo de banalidade é bem comum, até, ou principalmente, entre mulheres.

Minhas reflexões são um tanto profundas e paradoxais quanto ao desejo em si. O que exatamente é querer ser mãe? As vezes pode ter uma conotação um tanto egoísta, afinal não escolhemos ser mães apenas para povoarmos o planeta, ele já está bastante povoado. Esse é um anseio pessoal, é íntimo, e pode estar ligado a uma satisfação do próprio ego. A vontade escondida por detrás de outros desejos, muitas vezes triviais. Por isso há de se perguntar qual o valor exato da maternidade pra cada uma de nós e se isso de fato é uma boa escolha, livre de qualquer indução por pessoas ou convenções. Há outra vida em jogo que necessita ser cuidadosamente planejada e merece ser respeitada antes mesmo de existir.

Se esse é um sonho real, liberte-se de medos, dependências, culpas ou desculpas e encare o novo.
Acredito que segurar um filho recém nascido nos braços é a grande catarse da vida de qualquer mulher e eternamente compensador.

Oxalá um dia, nós as "não-mães", tomemos a melhor decisão! E caso seja em favor da continuidade, que a vida nos brinde com a possibilidade e que não seja tarde demais.



Texto: Vivian Guilhem
Ilustração: Caroline Bonne

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